E aí, alguém já assistiu um filme alemão? Eu nunca tinha visto! Quarta-feira passada foi minha primeira vez!
Aluguei "A onda". Há bastante tempo eu vi o trailer, e me interessei. Recentemente, num passeio na locadora com meu primo, ele disse já ter assitido e falou todo empolgado do quanto era legal.
OBS: Sim, eu considero a ida à locadora um passeio, e parte insubstituível do programa "assistir a um filme". É por isso que não gosto de baixá-los na internet, nem de compra-los no camelô. Eu gosto de pegar o carro, dirigir até a "Delta", entrar, olhar o encarte com os lançamentos, me perder entre as estantes vendo com as mãos os títulos que me interessam. Gosto de fuçar o recipiente dos pôsteres, mesmo sem nunca ter levado nenhum pra casa. Gosto de olhar as capas das revistas, os brinquedos e souvenirs, os dvds usados que estão a venda. De vez em quando perco alguns minutos na sessão inantil, e vira e mexe saio de lá com um pacote de chips bem cheiroso, ou um chocolate pra comer durante o filme. Desculpem, mas nenhuma ida ao camelô poderá subistituir esses 30 ou 40 minutos que gasto na locadora com muito prazer! É o meu "aquece".
Continuando, quarta "A Onda" foi o meu escolhido. Peço licença para resumir o filme nas exatas palavras do moço que me atendeu na locadora: "é a história de um professor cabeça, com uma idéia cabeça, e uns alunos nada cabeça." Ok, depois dessa vc só pode supor que vai dar merda, certo? E dá.
Bom, vamos escrever direito. O Filme se passa na Alemanha atual, e tem como foco um professor nada convencional e seus alunos do ensino médio. Burt Ross é professor de história, e desde o começo fica claro que suas aulas são diferentes, empolgantes, e que os alunos o preferem aos outros professores tradicionais. (Eu também preferiria um professor que forçasse o debate ao inves de lotar o quadro negro...)
Ross começa a abordar em sala o tema "autocracia." Os alunos dão sinais de que já não aguentam mais a matéria, o que me fez pensar que o nazismo deve ser abordado de forma exautiva na Alemanha. Meninos e meninas reclamam, demosntrando que têm consciência dos horrores implantados pelo regime de Hitler, e insistem que a Alemanha de hoje, moderna e consciente, não tem mais espaço para um regime assim.
É aquela velha idéia de que nós somos incorruptiveis, e de que com a gente não acontece. Você olha pra trás e julga, com a certeza de que se tivesse vivido tudo aquilo, não teria compactuado com nada daquele horror. Eu tenho essa certeza, vocês não têm? Pois os alunos do professor Burt também tinham.
E esses elementos trazem de fato unicidade ao grupo! Uma cena que me marcou foi quando o típico excluidinho da turma se ve envolvido numa confusão, e logo outros dois integrantes "dA Onda" o identificam (de camisa branca) em apuros e se aproximam para ajuda-lo. A cena parece simples, mas não é. Isso porque esses dois salvadorezinhos da pátria aparecem no começo do filme justamente implicando (bullying?) com aquele que agora eles querem proteger. São um grupo, são um só, agora é diferente. Na minha opinião essa é a cena que marca a virada do filme, ao demosntrar a força do sentimento de identidade.
Com o tempo, "A Onda" extrapola os limites da sala de aula e deixa de ser formada apenas por alunos do prefessor Burt, pois cada vez mais pessoas se sentem seduzidas pelo grupo, desejando fazer parte dele. Os integrantes do movimento, que só aumenta, tratam com desprezo aqueles que dele não participam. Surge o sentimento de inferioridade e de exclusão para aquele que ficam de fora.
Os participantes "dA Onda" começam a implicar com outras "tribos", e vão sentindo uma necessidade cada vez maior de mostrar que o seu grupo é melhor e mais forte. É mais ou menos por aí que a coisa desanda. O espectador vai ficando tenso, junto com alguns alunos, que percebem que as coisas estão saindo do controle, e tentam alertar os demais, a escola, o professor!
Bom, se eu contar mais estraga! É obvio que todo mundo já percebeu que a coisa vai ficar (bem) feia! Eu mesma começei o post deixando isso claro. Mas a forma com que isso acontece, de um jeito tão rápido, e até natual, é que arrepia a gente.
Quando o filme chega ao fim, e tudo já deu errado, os envolvidos, em choque, caem em si. Mas assumir a sua parcela de culpa é sempre difícil. Mais fácil é culpar o líder, dizer para os outros e para si mesmo que você foi envolvido, convencendo-se de que dessa forma, você não é responsável por nada. Engraçado eu ter feito um parágrafo só pra falar disso, sendo que o filme não gasta nem um minutos nessa tarefa. Mesmo assim, consegue resumir em uma única cena tudo o que eu falei agora. Uma cena em câmera lenta aliás, de um professor desolado, deixando um colégio sob olhares crucificadores.
E ao término dessa cena, quando o filme relamente acaba, aquela sensação de superioridade que você experimetou nos primeiros minutos, junto com aqueles alunos que tinham certeza que a Alemanha moderna (e por que não o Brasil?) não tem mais espaço para um regime Nazista, foi embora, deixando em você um oco que só não é completo porque você preenche de questionamentos.
Até onde nós somos corruptíveis? Até onde enxergamos o que é certo e o que é errado? Somos capazes de nos sacrificar? Pelo que? E de sacrificar os outros, em prol de um objetivo comum? Até que ponto isso é bom ou ruim? E se uma nuvem de fumaça cobrir nosso olhos? Será que conseguiriamos enxergar além da fuligem? E enxergando, faríamos algo para dissipá-la? Eu imagino que essas sejam perguntas que todos nós já nos fizemos alguma vez na vida. Eu pelo menos já. Mas depois desse filme, é como se eu tivesse descido do meu pedestalzinhdo de bondade pra questinar qual o tamanho da minha fraqueza, DE VERDADE.
beijos a todos,
Audrey.
ps: Procurando imagens sobre o filme descobri que uma das personagens, Lisa, é interpretada pro uma brasileira! Veja mais aqui.
É aquela velha idéia de que nós somos incorruptiveis, e de que com a gente não acontece. Você olha pra trás e julga, com a certeza de que se tivesse vivido tudo aquilo, não teria compactuado com nada daquele horror. Eu tenho essa certeza, vocês não têm? Pois os alunos do professor Burt também tinham.
Assim, o mestre, que já era adepto de uma forma menos convencional de ensinar, resolve começar uma dinâmica, e simular um regime autocrático dentro da sala de aula. Eleito como líder, ele passa a ditar as regras. Os alunos tem de ficar em pé quando quiserem falar, devem se dirigir a ele se utilizando de um nome específico, e quando questinados deverão dar respostas curtas e objetivas! (Exército?). Sempre trabalhando o tema, ele propõe que os alunos adotem um nome para identificar o grupo. É aí que surge "A Onda". Em seguida um símbolo (alguém lembrou da suástica?), uma forma própria de se cumprimentarem (hello bracinho esticado em saudação "heil hitler"), e dezenas de outras coisas, como uniforme (camisas brancas) que identificam aqueles que pertencem "À Onda".
E esses elementos trazem de fato unicidade ao grupo! Uma cena que me marcou foi quando o típico excluidinho da turma se ve envolvido numa confusão, e logo outros dois integrantes "dA Onda" o identificam (de camisa branca) em apuros e se aproximam para ajuda-lo. A cena parece simples, mas não é. Isso porque esses dois salvadorezinhos da pátria aparecem no começo do filme justamente implicando (bullying?) com aquele que agora eles querem proteger. São um grupo, são um só, agora é diferente. Na minha opinião essa é a cena que marca a virada do filme, ao demosntrar a força do sentimento de identidade.
Com o tempo, "A Onda" extrapola os limites da sala de aula e deixa de ser formada apenas por alunos do prefessor Burt, pois cada vez mais pessoas se sentem seduzidas pelo grupo, desejando fazer parte dele. Os integrantes do movimento, que só aumenta, tratam com desprezo aqueles que dele não participam. Surge o sentimento de inferioridade e de exclusão para aquele que ficam de fora.
Os participantes "dA Onda" começam a implicar com outras "tribos", e vão sentindo uma necessidade cada vez maior de mostrar que o seu grupo é melhor e mais forte. É mais ou menos por aí que a coisa desanda. O espectador vai ficando tenso, junto com alguns alunos, que percebem que as coisas estão saindo do controle, e tentam alertar os demais, a escola, o professor!
Bom, se eu contar mais estraga! É obvio que todo mundo já percebeu que a coisa vai ficar (bem) feia! Eu mesma começei o post deixando isso claro. Mas a forma com que isso acontece, de um jeito tão rápido, e até natual, é que arrepia a gente.
Quando o filme chega ao fim, e tudo já deu errado, os envolvidos, em choque, caem em si. Mas assumir a sua parcela de culpa é sempre difícil. Mais fácil é culpar o líder, dizer para os outros e para si mesmo que você foi envolvido, convencendo-se de que dessa forma, você não é responsável por nada. Engraçado eu ter feito um parágrafo só pra falar disso, sendo que o filme não gasta nem um minutos nessa tarefa. Mesmo assim, consegue resumir em uma única cena tudo o que eu falei agora. Uma cena em câmera lenta aliás, de um professor desolado, deixando um colégio sob olhares crucificadores.
E ao término dessa cena, quando o filme relamente acaba, aquela sensação de superioridade que você experimetou nos primeiros minutos, junto com aqueles alunos que tinham certeza que a Alemanha moderna (e por que não o Brasil?) não tem mais espaço para um regime Nazista, foi embora, deixando em você um oco que só não é completo porque você preenche de questionamentos.
Até onde nós somos corruptíveis? Até onde enxergamos o que é certo e o que é errado? Somos capazes de nos sacrificar? Pelo que? E de sacrificar os outros, em prol de um objetivo comum? Até que ponto isso é bom ou ruim? E se uma nuvem de fumaça cobrir nosso olhos? Será que conseguiriamos enxergar além da fuligem? E enxergando, faríamos algo para dissipá-la? Eu imagino que essas sejam perguntas que todos nós já nos fizemos alguma vez na vida. Eu pelo menos já. Mas depois desse filme, é como se eu tivesse descido do meu pedestalzinhdo de bondade pra questinar qual o tamanho da minha fraqueza, DE VERDADE.
beijos a todos,
Audrey.
ps: Procurando imagens sobre o filme descobri que uma das personagens, Lisa, é interpretada pro uma brasileira! Veja mais aqui.
Ouvi dizer que a história é baseada em fatos reais. Gostei muito desse filme. Alías, sou um pouco suspeita pra falar, pois adoro cinema alemão. Recomendo fortemente "Edukators", "A Vida dos Outros" e "Corra, Lola, Corra". O cinema alemão tem um ritmo diferente do que estamos acostumados a ver nos blockbusters americanos, além do idioma, que eu acho fantástico.
ResponderExcluirOi Luz! veio iluminar nosso blog? =*
ResponderExcluirpois é, eu esqueci desse PEQUENO detalhe! É baseado em fatos reias sim, aparece escrito no começo do filme! me-do! vou dar uma pesquisada pra ver até onde aconteceu de verdade, fiquei curiosa!!
beijos,
Audrey.
já assisti ao edukators, alemão tbm.
ResponderExcluirbem legal e bem diferente dos americanos mesmo.
gostei desse! vou ver se acho esse filme.
Um outro alemão que é óótimo é o Experiência (das Experiment) e aqui o trailer http://www.youtube.com/watch?v=9XLBFgymXic
ResponderExcluirRenan
hum, duas dicas pra ver "edukator", acho que agora ficou obrigatório, né???, tenho vontade de ver o "corra lola, corra". Bom, depois desse super filme alemão, vou querer ver outros com certeza! To indo ver o trailer que o último anônimo mandou!
ResponderExcluirbeijos,
Audrey.
VOU DAR AULAS AMANHÃ COM O FILME A ONDA, NO CURSO DE PEDAGOGIA, NA DISCIPLINA DE ECONOMIA DA EDUCAÇÃO. GOSTEI MUITO DO FILME, VOU ACATAR AS SUGESTÕES AQUI DO BLOG, TBM. BOA NOITE E ABRAÇOS A TODOS.
ResponderExcluirANDRÉA PRAXEDES
Muito bom o texto da Audrey. Claro. Explicativo.Muito bem escrito quanto ao rigor da língua. Conteúdo extremamente bem concatenado. O filme é excelente e assustador, a um tempo. Aconselho que a pessoa assista primeiro ao filme e, somente depois, veja esse texto da Audrey. Assisti ao filme em duas partes, na Cultura, nesta semana. O filme deveria ser apresentado em todas as escolas, tanto do Ensino Médio, quanto do Ensino Superior. O filme completa o texto da Audrey. E o texto excelente da Audrey burila, com vigor, o filme. Um enriquece o outro. Parabéns a todos. Os comentários estão muito bons. Hoje vou dormir mais rica. Obrigada. (diana)
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