segunda-feira, 28 de março de 2011

O menino mais feliz do mundo.

São Paulo, 10 de abril de 1999, sábado, 2 horas da tarde. Calor, sol, um gordinho dentuço com um boné do Rubinho Barrichello, à época na Stewart (!), enfiado na cabeça raspada. Olhar afoito, procurando o que ainda não se via na pista vazia de Interlagos. Até que surge um burburinho, a galera em volta se agita e, lá do outro lado do circuito, rasgando a reta oposta, surge a Jordan amarela de Damon Hill. Depois do barulho, é claro, que já impressiona mesmo vindo lá de longe. O carro serpenteia pelo miolo da pista, some por alguns segundos depois da curva da junção e irrompe na reta dos boxes, levantando o gordinho e mais as setenta mil pessoas presentes em Interlagos. Os poucos pêlos do braço arrepiados, um sorriso que mal cabe no rosto, entre as bochechas enormes. Aquele barulhão que ecoa lá dentro do estômago e volta em forma de grito de euforia. Olho pro meu pai e vejo nele o que provavelmente ele viu em mim. Brigado, pai, por me fazer o menino mais feliz do mundo naquele dia.
Muitos anos se passaram, muita coisa mudou.  Todos crescemos, encaramos vestibular, paixõezinhas, paixõezonas, faculadade, estágio, (des)emprego...mas tem coisda que fica e se renova. Na minha vida, Fórmula 1 é uma delas, e todo ano eu e meu pai vamos pra Interlagos passar o que costumamos chamar de 'o melhor fim de semana do ano'.
Lá eu vi o alemão ganhar muito, o Rubinho ficar no quase, o Massa quebrar um jejum de vitórias brasileiras em casa que durava 13 anos e o quase título de 2008, perdido pro Hamilton por um ponto, na última curva da última corrida do ano, sob muita chuva.
Por isso, aguardei o filme do Senna com muita expectativa, com a mesma vontade de quando acordo de madrugada ou nas manhãs de domingo pra ver uma corrida. Depois de um fim de semana de formaturas, lá fomos eu e meu pai pro cine Com-tour, aquele do post da Audrey, o único na cidade a passar o documentário premiado em Sundance este ano. Pois é, o cinemão aqui da cidade, chegado a encher os cofres e esquecer dos bons filmes de menor pompa, preferiu o documentário do Justin Bieber ao filme do Ayrton. Vai entender...
Domingo, dia de corrida. Não poderia ser diferente, domingo sempre foi o dia dele. O ar condicionado da sala tava quebrado (é, anônimo, eu também tava lá), advertiu a simpática moça da bilheteria. 'E isso faz diferença?', pensamos eu e meu pai. Pra quem espera 12 horas entre fila na rua e arquibancada dura pra asssitir a uma corrida ao vivo, uma hora e meia sem ar é fichinha. Pra quem gosta, sempre vale a pena. 
As luzes coloridas das paredes da sala, meio retrô, meio bregas, foram piscando e se apagando, até o vazio escuro ser invadido pelo eco de um carro e os pêlos do braço arrepiarem de novo. 
Excelente compilação de momentos, imperdível, impagável. Vídeos que muitas vezes procurei no youtube e assisti em baixíssima qualidade, todos reunidos em ordem cronológica, temperados por narrações empolgadas (confesso, gosto da emoção que o Galvão passa), comentários inéditos de especialistas e depoimentos de familiares e amigos. 
Pra quem não viveu ou viveu muito pouco nossa era de ouro da Fórmula 1, logo dá pra entender o que foi Senna. Um poder de comoção, ressalte-se, impressionante desde antes de sua morte, que poucas pessoas conseguem ter, dentro ou fora do esporte. A preguiçosa manhã de domingo, dia de dormir até mais tarde ou ir à missa, tomou um novo significado na vida do brasileiro. E o que dizer das madrugadas, em três das quais Senna foi campeão lá do outro lado do mundo e o Brasil acordou pra assistir? No esporte do Brasil, só a seleção de futebol se encontra no mesmo patamar dele. Enquanto só a seleção faz um país continental parar no meio de um dia de trabalho pra ver a copa, só Senna fazia um país continental acordar de madrugada pra vê-lo vencer lá longe.
Ayrton Senna não era do Brasil, Ayrton Senna era o Brasil. Ao invés do solitário punho cerrado com o dedo indicador em riste como comemoração da vitória dentro do cockpit, gesto costumeiro dos pilotos vencedores, Senna erguia a bandeira do Brasil. E era como se todos estivéssemos lá dentro, com ele, volta após volta, até o êxtase. Senna sempre fez questão de nos dar carona, sempre vencemos juntos. Não é à toa que, após sua sofrida primeira vitória em Interlagos, ele disse 'essa a gente tinha que ganhar'. A gente tinha que ganhar, não ele.
Pontos pro diretor, que conduziu com maestria os momentos tocantes da vida e carreira do ídolo mesclando com os mais duros, de adversidades, além das descontrações familiares. Senna fora das pistas, sobretudo nas reuniões de pilotos, era tão impressionante quanto dentro de um carro.
Destaque pra rivalidade tensa com Alain Prost, o francês narigudo, e as trocas de ferpas e rodas um ano após o outro, dividindo curvas e títulos mundiais. Eletrizante, como se fosse a primeira vez, como se tudo fosse inédito. Frases fortes, tiradas ácidas, encontros marcantes. A prova de que a vida real possui roteiros tão complexos e excitantes quanto as ficções do cinema. 
O filme termina e fica um gosto de quero mais. Mais imagens, mais do passado tão saudoso. E o pensamento inevitável de como seriam as coisas se o dia 1º de maio de 1994 tivesse sido ligeiramente diferente, se aquela barra de direção não tivesse rompido.
Outro dia inesquecível, onde pude relembrar tantas emoções igualmente inesquecíveis. Como naquele 10 de abril do distante 1999, fui o menino (nem tão menino) mais feliz do mundo, dividindo com meu pai o que de melhor esse esporte já nos proporcionou.
É o que mais de impressionante há nas coisas que gostamos pra valer: o poder de nos absorver completamente e nos fazer felizes feito crianças. Fórmula 1, Senna, cinema. Valeu, pai, de novo.  

Clint.

Estamos de volta!

Gente, esse blog está abandonado!! Que coisa mais triste! Mas é legal saber que algumas pessoas continuam visitando, e até cobrando nossos posts! =)
Eu estava com saudades de escrever, porém totalmente sem tempo! Esse post marca o nosso retorno, é curtinho, mas já é alguma coisa!

É que alguém escreveu um comentário (anônimos, pq vcs me matam de curiosidade desse jeito??) me desejando feliz aniversário, e transcreveu a música Moon River, tema do Breakfeast at Tiffanys (Bonequinha de Luxo). Lógico que eu fui assitir (mais uma vez) no you tube, e  aí me deu vontade de compartilhar!

Enjoy!


Beijos,
Audrey.

domingo, 13 de março de 2011

Uma alternativa para os Londrinenses

Em primeiro lugar quero agradecer o Clint, por não ter deixado o blog completamente abandonado nesse carnaval! Se dependesse de mim o coitado estaria às moscas, tamanha a minha ausência!
Recuperados da ressaca, hora de voltar a escrever!
Antes de sequelar aproveitar o carnaval, assisti à um filme muito interessante, “Biutiful”.
Pra quem mora em Londrina, vale dizer que o filme passou no Cine Com-Tour, o cinema da UEL; que fica onde???  No shopping  Com-Tour!!!
É um shoppingzinho que nem todo mundo conhece; é pequeno, antigo, e longe do centro! Mas foi reformado recentemente e ficou bem gracinha! Obviamente não tem grandes lojas, mas dá pra achar umas coisinhas legais!
A sala de cinema não é mesmo grandes coisas! A projeção não é das melhores, nem o som, mas os filmes que passam lá não têm me decepcionado!
Quem mora na pequena Londres sabe que somos meio deficientes de salas de cinema! Eu não sou capaz de escrever uma linha sobre as do Shopping Royal Plaza, porque fui lá uma vez na vida e o trauma foi suficiente para que eu não voltasse mais! (O ar condicionado fazia um barulho tão alto que não dava pra entender o que os monstros estavam dizendo!! Ah, o filme era Monstros S/A, coisa recente!)
Aliás, se alguém por um acaso passou por lá mais recentemente, vale deixar sua contribuição aqui no blog! E eu prometo que vou (tentar) criar coragem pra voltar lá! Quem sabe não está melhor? Mais uma opção pra gente, certo?
Enfim, voltando a falar da salA do Com-Tour! A sala costuma exibir aqueles filmes mais diferentes,  menos comerciais, que o Catuaí não exibe! Você não vai encontrar campeões de bilheteria (nada contra, eu a-do-ro esses também!), mas filmes menos pretensiosos, documentários, cinema estrangeiro. Pode não ser o ambiente mais sensacional da cidade, mas vale pelas projeções, e eu garanto, tem seu charme!
A sala é única e exibe um filme por semana, sendo que o cartaz é trocado as sextas! As sessões são poucas, uma por dia, sempre as 20h30. Aos sábados e domingos também tem sessão as 16h, e o ingresso é barato, R$10,00 inteiro, R$5,00 meio!
Pra quem não sabe ver filme sem mastigar alguma coisa (eu), tem uma lanchonete ao lado que vende pipoca de microondas (fora os itens normais de lanchonete, claro!).  Eu particularmente acho bem legal entrar com aquele sacão, é meio maluco, mistura aquela sensação de estar em casa sem estar!  Inclusive, um casal de amigos meus entrou nesse cinema tomando cervejas! Uma experiência interessante...
(Também tem ao lado um daqueles restaurantezinhos em  que você monta seu próprio macarrão, sabe? Nunca comi porque eu sempre chego em cima da hora da sessão, mas o cheiro me enlouquece!!)
Gente, to aqui lendo o que eu escrevi e choquei com a minha capacidade de manter o foco! (Vou até precisa mudar o título da publicação...)
Pra fechar o post, fica aqui a minha dica! Quem ainda não foi até lá já passou da hora de conhecer! Fiquem atentos à programação diferente desse cineminha despretensioso mas que tem seu charme!
Essa semana está em cartaz um filme que já foi comentado aqui no blog no post: “uma família diferente?”.  É o “Minhas mães e meus pais” e vale a pena!!
Vou deixar o link do shopping pra quem se interessar!
E vou escrever sobre o “Biutifil” (era esse o objetivo do post no início) separadamente!
Beijos a todos!!!
Audrey.
PS: Não, eles não estão nos patrocinando! (Mas não seria uma má idéia...)

segunda-feira, 7 de março de 2011

Títulos e traduções

Se tem uma coisa boa pra dar risada é comparar os títulos dos filmes na sua língua original e em português. É um festival de bizarrices que só lendo mesmo pra acreditar! Tá certo, nem todo título dá pra ser traduzido literalmente, muitas vezes adaptações são necessárias, por questões culturais ou linguísticas. Mas tem cada forçação de barra...

O que dizer de o título em português de 'Butch Cassidy and the Sundance Kid'? Butch e Sundance são os protagonistas deste faroeste divertido, vencedor de 4 Oscar em 1969. Mas parece que o tradutor não gostou muito do Sundance, tirou ele do título e por aqui o filme ficou só como 'Butch Cassidy' mesmo. Sacanagem com Robert Redford, o intérprete! Tirar o nome é brincadeira!

Tem vezes que o nome é encurtado, tem vezes que subtítulos surgem do além e nos fazem pensar até onde vai a imaginação dos tradutores. Os três primeiros 'Rocky', aqueles filmes de boxe com o Stallone, da musiquinha show de bola, ganharam sobrenomes inéditos por aqui. O primeiro, simplesmente 'Rocky' nos EUA, virou 'Rocky - um lutador'. UM lutador, e não O lutador. UM porque ele é só mais um em meio à multidão, humilde e preso às raízes? Não, acho que UM por acaso mesmo. Já o segundo Rocky tem por subtítulo 'A revanche'. Beleza, não bastava 'Rocky 2', tinha que ter 'a revanche' pra estragar... e pra fechar, o mais brega de todos: 'Rocky 3 - O desafio supremo'. SUPREMO? Desafio grande é achar algum outro filme com essa palavra no título.

Às vezes a mudança é boa, reconheço. Imagine se o filme do útimo post, em inglês 'The graduate', se chamasse 'O formado' ou 'O graduado' por aqui... ponto pros tradutores! E o clássico da sessão da tarde, 'Jamaica abaixo de zero', já pensou em outro nome melhor pra substituir 'Cool runings', o título original? A tradução é simplesmente genial. Tradução não, adaptação! Pra quem não lembra dessa pérola ou nunca assistiu (tragédia), aqui vai o trailer:


Esses são alguns dos inúmeros casos de alterações de nomes de filmes aqui no Brasil. Daqui pra frente, vira e mexe faremos posts sobre o assunto. E se encontrarem algum, denunciem! O sessaovazia está de olho!

Clint.

A primeira noite de um homem

É um clássico. Não só pelo tempo de vida e por ter como protagonista um dos maiores de Hollywood em começo de carreira, mas pela história, pela música, pelo elenco de apoio e, mais que isso, por ser o retrato de uma geração.

Pra começar, muda o tipo do personagem principal. Sai o estereótipo do moço bonito, articulado e charmosamente rebelde. Entra o megrelo, narigudo, desajeitado, estranho Dustin Hoffman. Ele, juntamente com Al Pacino e Robert de Niro, dentre tantos outros, ajudou a desmistificar o galã de cienema norte-americano. Chega de Clark Gables ('E o vento levou'), Humphrey Bogarts ('Casablanca'), Marlon Brandos e James Deans. É a vez dos feios e incompreendidos, dos marginalizados, dos que ralam pra ter uma mulher.  Muito mais fácil se identificar com o novo tipo de protagonista, mais real e parecido com a gente, não acham?

Em volta do novo protagonista uma realidade organizadamente em desordem, pais loucamente normais e uma sociedade elitista irritantemente conformada e repetitiva. Fim dos estudos. A pressão e as inevitáveis perguntas: 'já sabe o que vai fazer da vida?', 'e agora, vai trabalhar com o quê?', 'vai ser um homem de sucesso, tenho certeza'... E aqui é que o filme se torna universal, e extrapola o universo masculino. Homens, mulheres, não há quem não sinta o desconforto da transição entre a juventude e a vida adulta. Transição tantas vezes precoce, e todas aquelas recomendações de 'aproveite, esse tempo não volta' transformam-se repentinamente em 'e aí, já se decidiu? Está na hora!'.

Se a geração de jovens se identifica com o protagonista, muitos dos mais velhos se enxergam no modelo de felicidade e casamento falidos, representados no filme sobretudo pela Mrs. Robinson, a famosa da música que todo mundo já ouviu uma vez na vida, e seu esposo. É desse jeito que o maestro Mike Nichols, diretor de 'Closer', um dos melhores filmes da última década na minha opinião, amarra todo o público. Jovens e adultos, de alguma forma, se enxergam nos personagens do filme, seja relembrando seu passado, contemplando seu presente ou prevendo seu futuro. Duas gerações e problemas em comum, em épocas distintas da vida mas a que todos nós, uma hora ou outra, estamos suscetíveis.

Pra quem ainda não viu o filme, não se apegue ao título. Não se trata apenas da primeira noite de um homem, mas de todas as noites e dias que se sucedem a ela, no caminhar irrefreável da vida. Me impressiona como Mike Nichols, o diretor, conseguiu chocar uma época com este filme em 1967 e, três décadas depois, conseguiu novamente retratar os relacionamentos de seu tempo com 'Closer'. Haja sensibilidade e coragem. Lá e aqui, em ambos, mostra-se a versão dos romances que as comédias românticas insistem em esconder.

Relações complicadas? É pouco pro que vemos em 'A primeira noite'. O garoto envolve-se com a mulher do sócio de seu pai e, pouco tempo depois, aproxima-se da filha dela, uma moça de sua idade. Incertezas e medos embalados por uma trilha das melhores de todos os tempos. Há trilhas inteiramente instrumentais e outras cantadas. Essa aqui, pertencente ao último grupo, extrapolou as salas de cinema e consagrou-se também nas rádios e pistas de danças românticas. Adoro música de cinema e não poderia deixar de colocar os vídeos dos carros-chefe, 'The sound of silence' e 'Mrs. Robinson'. Clássicos!





'A primeira noite' é espantosamente cru, um filme que espelha a vida e não tem medo de ser assim. Pode causar embrulhos no estômago se atentarmos às críticas sobre relacionamentos que faz, bem como se pensarmos que aquilo tudo pode estar acontecendo ou vir a acontecer um dia com a gente. Mas sabe também ser divertido, mesmo em meio a tantas angústias e incertezas. Outra vez um retrato fiel da vida. A vitória da fuga bem sucedida seguida do sumiço dos sorrisos dos rostos de Dustin Hoffman e Catherine Ross ao fim do filme, dentro do ônibus amarelo, não deixam mentir: a vida não pára, que estejamos sempre prontos  pro próximo ato. 

Seja por tudo isso, seja pela competição de beleza entre a Robinson mais velha e sua filha jovem, seja pelas músicas, há inúmeros motivos pra quem ainda não assistiu a este clássico tomar vergonha na cara! Vão sem medo, é um filme pra tirar o chapéu! E quem não se identificar, mesmo que um pouquinho só, que atire a primeira pedra.

Clint.

domingo, 6 de março de 2011

HEY, DUDE!

Muitos amigos meus já me recomendaram este filme, e toda vez que surgia o assunto em uma roda de bate-papo confesso que ficava com vergonha...e pensava cá comigo: "porque diabos ainda não vi essa porcaria?". Eu tô falando de 'O grande Lebowski', dos Coen, outra vez eles! Acontece que toda vez que ia à locadora me esquecia dele, olhava dezenas de filmes e ele, escondido lá na sessão de comédia (que frequento pouco, é verdade) me escapava dos olhos.

O fato é que nesse começo de carnaval fui decidido pra locadora e finalmente conheci 'o cara'. Isso mesmo, 'o cara', 'the dude' em inglês. O protagonista chama-se Jeffrey Lebowski, mas gosta mesmo é de ser chamado de 'the dude'. É interpretado pelo arrasador Jeff Bridges, veterano e vencedor do Oscar de melhor ator no último ano por 'Coração louco'. O cara (chega de aspas) é tranquilão, pacifista, nem um pouco apegado em dinheiro e largado ao extremo. Vê-lo de roupão e ciroula pelo super-mercado é normal. Ele adora boliche, e as cenas de jogo são uma delícia (me fizeram correr pro wii e jogar um pouco, tirando a poeira do coitado). Sua casa é simples, mas o tapete da sala harmoniza bem os demais elementos. Até o dia em que resolvem dar um susto nele, mijando no seu tapete e enfiando a sua cara na privada. Tudo por causa de uma dívida...que não é dele. Ah, homônimos e as confusões muitas vezes inevitáveis que surgem de ter um xará.

O traço marcante do filme é aquele comum a muitos outros filmes dos irmãos Coen: o acaso, um momento de bobeira e todo o destino de um vida muda de rumo. O cativante cara se vê, sem nem perceber, envolvido numa confusão que ganha maiores proporções a cada passo que ele dá contra seu estilo de vida, sua personalidade e seus princípios. É largar o sossego que o cara se complica inteiro, junto com seus parceiros de boliche, um bobão atrapalhado vivido por Seve Buscemi e um hilário veterano do Vietnã interpretrado por John Goodman, o 'Fred' do filme dos Flintstones. Sequestro, muita grana envolvida, rivais malucos (incluindo alemães niilistas, um empresário megalomaníaco paraplégico e um competidor de boliche chamado 'Jesus') e dor de cabeça pro dude. Ah, o tapete compunha bem a sala...mas podia ter sido trocado por outro qualquer.

O que esse filme tem de demais? Um primeiro olhar pode nos dizer que nada. Mas não passa de uma primeira impressão apressada demais. Sonhei com o filme, pensei demais nele, me diverti não só durante, mas em muitos momentos depois, lembrando e dando risada sozinho. Porque? É simples, nenhum grande segredo: o cara pode ser aquele seu vizinho, amigo, tio solteirão, amigo do amigo...e tudo o que acontece com ele, por mais inusitado que possa parecer no começo, são coisas que acontecem na nossa vida, na do vizinho, na do amigo, na do tio solteirão...esse humor é o que mais me faz rir: o absurdo crível, o inusitado possível. Quem não tem uma história absurdamente verdadeira pra contar? 'O grande lebowski' dá um clique na cabeça do espectador, e nos faz lembrar de que a vida pode ser tão incrível, absurda e cômica quanto a ficção. E não tem muito mais graça quando é de verdade?  

Talvez por isso o cara tenha se tornado um dos símbolos do cinema contemporâneo. Gente boa, da paz, feliz com o que tem e conformado com o que pode vir a ter. Ou não. Passe o que passar, aconteça o que acontecer, como na vida real (e esse não é um retrato dela?) o cara supera, não leva desaforo pra casa, engole sapo quando não dá e sobrevive. E já que a intenção é esta, sobreviver, que seja pelo menos com estilo, e que no final sobre muita história pra contar. Como no caso do cara, que no auge de sua tranquilidade e desapego vive aventuras pruma vida toda, pra sorte dele e nossa. Não precisa de muito pra ser protagonista da nossa própria vida, é o que ensina Jeff. Basta viver, sem muita preocupação, e venha o que vier!

Clint.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Carros

Uma ideia puxa a outra, e o título do post anterior, inspirado em 'De volta para o futuro', me fez pensar em como curti o carro da trilogia quando o vi pela primeira vez! Um Delorean (carro com nome de shampoo...) prata que deixava rastros de fogo no asfalto ao arrancar para uma viagem no tempo! Fenomenal! E como curto muito fazer listas, aí vai o meu TOP 5 de carros em filmes:

5- Herbie, o fusquinha falante. Sessão da tarde, pipoca e um fusca destrambelhado...não preciso falar mais nada!


4- Delorean, 'De volta para o futuro'. Trilogia pra lá de divertida, protagonizada por Christopher Lloyd, Michael J. Fox e o carro/máquina do tempo, lógico!



3- O que seriam de Débi e Lóide sem o cachorrão das estradas? Quem já riu com esses dois manés se lembra bem daquelas orelhonas ao vento. Teve até homenagem ao carro em um dos games da franquia GTA, uma das mais vendidas de todos os tempos!



2- O carro do Batman sempre deu o que falar. Desde o primeiro batmóvel do seriado de TV, passando pelas versões de Tim Burton e Joel Schumacher para o cinema, até a obra prima que é o Tumbler, nome de batismo do novo possante do morcegão. Uma das dúvidas antes de 'Batman begins' era como eles fariam um carro que se adequasse ao clima mais realista do reboot da franquia. Acertaram em cheio.



1- Martin, Aston Martin. O espião mais charmoso e famoso do mundo precisava de uma máquina à altura em seu filme de estreia, 'Contra o satânico Dr. No'. O relógio Omega, o martíni (batido, não mexido), o carro, tudo isso ajudou a construir por décadas a lenda do agente com permissão para matar. E não adiantou tentar trocar de Aston Martin para BMW (talvez o único erro de 'Goldeneye', estreia de Pierce Brosnam na pele do agente): os fãs reclamaram e a máquina clássica voltou em 'Cassino Royale', em dose dupla.


Falando em carros, a pixar ataca este ano com 'Carros 2', a única continuação da história do estúdio além da franquia 'Toy Story'. O primeiro não foge do padrão de qualidade da Pixar, mas confesso que, mesmo tratando de corridas de automóvel (tema que me agrada MUITO!), não me impressionou nem me cativou tanto quanto 'Up', 'Wall-E' e 'Procurando Nemo' (só pra exemplificar)... O trailer pra quem se interessar:

 

Repararam na sátira ao Aston Martin do James Bond? Muito boa!!  Será que esse também vai ser indicado a melhor filme no próximo Oscar, como 'Toy 3'? É esperar pra ver!

Ah, e se os carros acima não são pro nosso bico, pelo menos o martíni do 007 é! Aqui vai o link com a receita: http://www.abril.com.br/noticias/prepare-dry-martini-vire-james-bond-530472.shtml. Não provei ainda, quem se habilitar a fazer passa aqui depois e deixa suas impressões!

Clint. 

De volta para o passado

Ressaca pós-Oscar curada, voltamos à ativa! 
Relembrando a viagem no tempo feita no início de cada bloco do Oscar, quado se homenageavam filmes antigos e vencedores do prêmio, me veio à cabeça um filme muito, muito antigo, de mais de 100 anos atrás! Chama-se 'Viagem à lua' (em francês, 'Le voyage dans la lune'), e data de 1902! É considerado um marco na história do cinema, por desafiar o limite dos dois, três minutos que os filmes da época costumavam durar. O diretor, Georges Méliès, encarou uma odisseia sem precedentes pra gravar os pouco mais de 14 minutos de história, em preto e branco e sem falas. 
O curta mais longo do início do século passado abusa de efeitos especiais (na época, lua com cara de torta era o máximo!) e conta uma fábula imaginativa, com direito a extraterrestres (aprendam, Geoge Lucas e James Cameron!) e exploração oceânica.
Que Avatar que nada, viagem pro espaço que nem essa não existe! E, pra mudar um pouco as coisas, a expedição dessa vez não sai dos EUA, mas de Paris! Num mundo muito menos globalizado tínhamos mais variedade do que hoje, vejam só! Como é curtinho, dá pra postar o filme todo aqui. A melhor versão que encontrei tem alguns minutinhos cortados, mas 90% das cenas estão aí! Bom filme!


Dica: pra quem gosta de filmes no espaço, de ficção científica e temas extraterrestres, vale a pena conferir, além da óbvia recomendação de '2001: Uma odisseia no espaço' (tem que ver inteiro, não vale só as partes que mostravam na escola!),  um filme chamado 'Lunar', de 2009. Com pouca divulgação por aqui, ele acabou passando meio despercebido, mas é excelente! Lembra '2001', as comparações são inevitáveis, mas a premissa é um pouco diferente e surpresas estão garantidas!  

Clint.

terça-feira, 1 de março de 2011

Respondendo os Comentários

Oi gente! Passei para um recado rápido, pois estamos de ressaca pós Oscar hahaha.
Queria avisar aos visitantes queridos que tem comentado nossas publicações que a partir de agora nós responderemos, nos próprios comentários!
Assim aumentamos a interatividade e ficamos mais próximos!
Estamos mesmo de olho nas opiniões de vocês, viu?
Ah, anônimos, procurem se identificar! Como a maioria dos frequentadores do blog pertence ao nosso círculo de amizades, ficamos curiosos pra saber quem escreveu o que!!
Beijos a todos!

Audrey e Clint.