domingo, 20 de fevereiro de 2011

127 horas em 94 minutos

E começamos pelo '127 horas', filme de Danny Boyle, diretor do superpremiado 'Quem quer ser um milionário?'.
Se o filme é bom? É. Pelo menos caiu nas minhas graças, por vários motivos que vou expor aqui.
Primeiro, o tema, por si só, me agrada. Aventura, no sentido puro da palavra, baseada em fatos reais, o que torna tudo mais impressionante.
O filme começa com um ritmo conhecido por quem assistiu o outro filme acima citado, com tela repartida em duas, três, takes dinâmicos e uma empolgação do protagonista que contagia quem está sentado na poltrona.
Falando em protagonista, James Franco de fato rouba a cena, o que não poderia ser muito diferente, afinal ele está sozinho nela quase o tempo todo. Mas é inegável que, se estar sozinho trouxe glória ao jovem ator, poderia muito bem ter sido motivo de fracasso para o filme. Normalmente é assim quando uma história depende de poucos ou um só intérprete: ou a consagração, ou um fracasso daqueles pra afundar, mesmo que momentanemanete, uma carreira ainda não consolidada.
Pra sorte de Franco (e de quem assiste), ele se sai muito, mas muito bem no papel de Aron, o maluco aventureiro, e dá gás a todo o filme, mesmo naquelas partes mais paradas. Aron e os vários Aron que surgem com o passar das 127 horas que dão o nome ao filme são deliciosamente interpretados, nas sutilezas de cada uma das facetas do personagem.
Se ele sente sede, você sente também. Fome, idem. Agonia por estar preso daquele jeito? Essa não vai te abandonar hora nenhuma, garanto. Desespero, consolo momentâneo, ilusão de estar sob controle mesmo quando tudo foge dele, você sente junto. E esse, na minha opinião, é o maior trunfo do filme. Tem filme que te faz pensar, outros são tão superficiais que te deixam como um saco de batatas na poltrona. Esse tem por virtude fazer sentir. Por isso, vale a pena não fechar os olhos em momento algum (viu, mulheres?) e ver tudo o que Danny quer mostrar.
Ah,e não tem como deixar de comentar a cena em que o 'Aron apresentador de TV' entrevista o 'Aron entalado na fenda'. Pra mim, não tem momento melhor no filme. Quando a loucura parece ter tomado de vez a cabeça do personagem é que ele se mostra verdadeiramente lúcido pela primeira vez, com a constatação de que, sim, dessa vez, f**** mesmo. Chega de se achar capaz de sair de tudo sozinho, chega de tanta autossuficiência, de pensar ser imbatível. E quem nunca se sentiu assim? Apesar de nunca (espero!) alguém mais no mundo ter passado por situação idêntica à de Aron, o que nos impede de saber exatamente a dimensão do que ele viveu, sem sombra de dúvidas todo mundo já levou um tombo na vida, daqueles que te faz pensar 'eu não posso tudo aquilo que imaginava...'. E, mais uma vez, sentimos junto com o personagem. Sobram lembranças de arrependimentos e lições morais que já vivemos. 
É isso, pra mim é o que vale destacar no filme, com menção também às belas paisagens e ao final surpreendente pra quem não lembra dos noticiários da época dos fatos reais e não menos chocante praqueles que já conhecem o desfecho da história!

Falando de Oscar, no entanto, apesar de ser um bom filme, que realmente me proporcionou pouco mais de uma hora em meia de muita diversão, acredito que não vá levar nenhum dos prêmios principais. Apesar de ainda não ter assistido a todos os indicados, fica a impressão de que dificilmente estaria na lista de melhor filme se essa fosse mais enxuta (apenas 5 concorrentes) como há dois anos, e a indicação a melhor ator já serve de prêmio pra James Franco.
Não seria o pior cenário, diante de um diretor já premiado recentemente e um ator promissor, que tem chances plenas de figurar nas listas dos próximos anos. Ah, e o cara já vai apresentar a cerimônia com a Anne 'mulher-gato' Hathaway, precisa de mais?  

Clint.

OBS: repetindo (substituindo) a postagem do dia 14 de fevereiro para liberar a postagem de comentérios.

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