segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mais um deles

Os irmãos Coen, parceiros de longa data, ora compartilhando créditos por direção, ora alternando entre as funções de produtor e roteirista, fizeram mais um filme em família lançado ao rol de indicados ao Oscar.
Não é mais novidade, e a consagração absoluta (quando o assunto é premiação) veio com "Onde os fracos não têm vez", lembrado pelo psicopata marcante de Javier Bardem.
Se aquele filme de 2007 é considerado um faroeste moderno, que foge do estilo John Wayne bem como dos 'spaghetti westerns' de Leone e Eastwood (ou eu, como preferir...), 'Bravura Indômita' revisita o faroeste clássico, inclusive por ser uma nova gravação de uma história já contada em 1969, com o já citado John Wayne como um dos protagonistas.
Se é um remake puro? No que depender da intençaõ dos irmãos, não. Reza a lenda (e até agora ninguém disse o contrário) que os Coen simplesmente não assistiram ao 'Bravura' original, algo raro quando o asunto é regravação. Eles contam, sim, a mesma história, mas baseados não no filme já existente, e sim no livro homônimo que inspirou também o primeiro filme.
Ah, vou logo avisando, não consegui assisitir ao 'Bravura' original. Não deu (nem vai dar) tempo até domingo, estou priorizando os filmes indicados e quero terminar de vê-los a tempo da premiação! Se, por um lado, comparações não serão possíveis, a opinião que dou aqui, pela ausência de parâmetros comparativos, nasceu do zero, e diz respeito ao filme atual e só.
Indo direto ao ponto, não gostei. Fraquinho, fraquinho, não empolga hora nenhuma. E olha que gosto muito da filmografia dos diretores e gosto ainda mais do gênero. Sou fã de western, talvez por ser fã do meu pai, que me ensinou a gostar da atmosfera dos filmes de antigamente, regados a diálogos monossilábicos e duelos eletrizantes de pistola. Isso me fez esperar ansiosamente por alguns (poucos) faroestes lançados nos últimos anos, como 'Os indomáveis' (excelente!), 'O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford' (também muito bom, do seu jeito) e, finalmente, 'Bravura'.  
Mas, se os dois primeiros me satisfizeram depois de uma longa seca no gênero, o filme dos Coen deixa a desejar...Tá certo que o elenco é bom, um nome melhor que o outro. Jeff  Bridges (Oscar pra ele ano passado), Matt Damon e Josh Brolin entre os consagrados, além da menininha que junta toda a trupe numa confusão só, Mattie Ross (Hailee Steinfeld). Essa última merece destaque, não se intimidou diante dos grandes e marca com a corajosa filha que quer ver condenado e enforcado o assassino de seu pai.
Bridges, justiceiro caolho, beberrão e talvez velho demais para caçar foras-da-lei (e recompensas) tem aqui e acolá momentos que lembram seu brilhantismo reconhecido em 'Coração louco'. Matt Damon, o pistoleiro certinho, comportado e nada modesto não brilha, faltou algo mais do que só o bigode para conferir ao personagem charme e impacto. E Brolin, por fim, aparece pouco e quando o faz não empolga.
Esperava mais diálogos afiados, como não poderia ser diferente num western dos Coen. Não tem! Faltando duelos de palavras, esperava pelo menos umas boas trocas de tiros. Até que tem, mas não valem o filme.
Elogios mesmo merece o pôster, inspirado naqueles cartazes de 'PROCURADO!' típicos dos faroestes!
(e já que o assunto é pôster e o filme é ruim, dá licença pra eu falar de um cartaz dum filme que já escrevemos sobre! Encontrei um do 'Cisne negro' muito legal, que eu ainda não tinha visto! Curti a arte, talvez salve esse post! Mais pra frente, pretendo escrever um pouco só sobre pôsteres, sou fã!)

O que sobrou aqui foram expectativas, todas frustradas ao final da sessão (vazia, na sala da minha casa). Como diz um amiga, criar muitas expectativas nunca é bom... Mas não custava nada corresponder só um pouquinho, né?
Não é um filme bom por si só, mesmo livre de comparações com o clássico. Também não serve de homenagem ao primeiro ou a John Wayne, o que os próprios irmãos deixaram claro. Nem uma coisa, nem outra. Na minha cabeça, já tá quase no grupo dos esquecidos.
Mais um deles, que podia ter se tornado O deles, mas ficou no meio do caminho.

Clint.

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