sábado, 26 de fevereiro de 2011

E o vencedor é...

Eu curto muito filmes de luta. Boxe, principalmente. Aí vale tudo (sem o trocadilho), não interessa se ficção, se baseado em fatos reais, se documentário. Outro dia assisti a um documentário fenomenal, recomendado por dois amigos meus há quase um ano, quando os dois assistiram juntos mais separados. É isso aí, cada um na sua casa assistiu ao mesmo filme que passava na TV, na mesma hora. Um deles chegou a ligar pro outro pra convidá-lo pra assistirem juntos, tinha certeza de que o outro curtiria. O outro não atendeu o telefone porque estava assistindo e não quis perder um minuto sequer. Não sei porque demorei tanto pra ver, mas finalmente consegui e não me arrependi! ‘Quando éramos reis’ relata a luta histórica entre George Foreman (o dono da mean lean fat grill fabolous machine mais vendida do mundo, aquela, que você tem lá na cozinha) e Muhammad Ali, em pleno Zaire, para mais de 100 mil pessoas no estádio. Recomendei de boca cheia pra outro amigo, que a corrente continue crescendo!
Magrelo em 'O operário'
Mas não to aqui pra falar desse filme (pelo menos não nesse post). O assunto da vez é ‘O vencedor’, filme estrelado por Mark Wahlberg e Christian Bale, olha ele aí! Como dizia, curto filmes de luta, principalmente boxe, e esse aqui também fala de boxe. Também porque esse não é o ponto central do filme, embora de vital importância para a história. Repetindo a filosofia de que filmes de luta são mais filmes de luta na vida do que dentro dos ringues (‘Rocky’ e ‘O lutador’ tão aí pra corroborar), esse aqui conta a trajetória real de um lutador (Micky, vivido por Wahlberg) de segunda tentando chegar ao topo em meio às maluquices de sua família, pressionadora, sufocante. E o foco fica na relação familiar, principalmente com o irmão mais velho, Dicky (Bale), ex vitorioso no boxe e hoje dependente de crack. O mais velho ostenta a façanha de ter nocauteado Sugar Ray Leonard, uma das lendas do boxe. Alguns dizem que Sugar Ray escorregou, mas pouco importa, caiu. E a bola da vez é Micky, o caçula, que tem que repetir o sucesso, mesmo que breve, do irmão nos ringues.
Não gostei do protagonista. Bundão que só ele. Tá certo que é uma história real e que não dava pra fugir muito do que são as coisas de fato na vida dos personagens, afinal de contas eles existem. Mas isso fez um mal danado pro filme. Concordo, a paradeira e passividade do protagonista são úteis no começo, pois sem elas diante da opressão familiar não haveria conflito. Mas, quando acaba e nada muda, dá uma raiva danada. Continuar engolindo aquela mãe absurdamente irritante e a trupe de irmãs encalhadas não dá.
Parrudo nos 'Batman'
O que merece aplausos aqui é a interpretação de Christian Bale. O cara tá muito bem, rouba a cena. Se o personagem que interpreta faz questão de se colocar no centro das atenções o tempo todo, Bale não precisa fazer esforço nenhum para brilhar mais que todo o resto. Eu fico impressionado com a capacidade de mutação desse ator (as fotos não me deixam mentir). Mulheres, isso é que é efeito sanfona!

Esquelético em ‘O operário’, parrudão nos dois ‘Batman’, magrelo outra vez aqui em ‘O vencedor’ e sabe-se lá qual a próxima transformação absurda do cara. E não é só no físico, Bale transforma-se profundamente em cada papel que interpreta. Voz, trejeitos, andar, tudo é muito marcante em seus trabalhos. Haja disposição, raramente se vê tamanha entrega ao trabalho como deste ator. É Daniel Day-Lewis fazendo escola. Se considero Chris Nolan um dos melhores diretores da década, Chris Bale é pra mim um dos melhores atores dos últimos 10 anos. Sorte nossa que eles repetem a parceria em breve (2012) em ‘Batman – The dark knight rises’. E dá pra arriscar que Bale deve levar um Oscar logo, logo (se não levar já este ano).
É mais um filme de superação, de um contra todos, de vitórias sofridas que nos servem de exemplo. Americano adora isso, não é novidade. América, a terra das oportunidades, onde um Zé Ninguém pode ser o herói de amanhã.
Magrelo de novo em 'O vencedor'
Não gostei do protagonista, como já disse. Não gostei também das sequências de luta. Já vi muita luta melhor coreografada. Talvez tenha faltado bater e levar de verdade, como o velho Stallone fez em Rocky Balboa, mesmo sessentão. Gostei mais ou menos do elenco de apoio, tá, a mãe e Amy Adams como a namorada convencem. Mas do que eu gostei de verdade então? De Christian Bale.
No ano passado, não sei porquê, resolveram mudar a charmosa frase ‘e o Oscar vai para...’ pela sem graça ‘e o vencedor é...’, que era usada lá no começa das premiações. Espero que esse ano corrijam a burrada e voltem à forma anterior de anunciar, afinal não se trata de qualquer prêmio. É o que vamos descobrir domingo.
Independentemente disso, sem sombra de dúvidas o vencedor aqui não é o lutador Micky, o protagonista do filme, ou Mark Wahlberg, seu intérprete. O título do filme serve para outro, que apesar de ter pela frente um briga dura com Geoffrey Rush (‘O discurso do rei’) por melhor ator coadjuvante, merece ser dito como tal. O vencedor é Christian Bale.   

Clint.

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