Uma família diferente?

Minhas mães e meu pai é na minha opinião um filme bom, não mais que isso.

É inteiramente focado numa família, composta por dois adolescentes; Joni, a menina mais velha que acabou completar a maioridade e está indo para a faculdade, e Laser, o caçula de 15 anos que tem como companheiro aquele típico "amigo má influência"; e pelas mães.

Isso mesmo, o poder familiar aqui é exercido por um casal de lésbicas.

Juliane Moore interpreta Jules, e Annette Bening interpreta Nic. Ambas estão excelentes nos respectivos papéis! Não achei que a atuação de uma se sobressaiu à da outra, no entanto somente Bening recebeu indicaçao como melhor atriz. Acho dificil ela levar a estatueta, e também nao vou torcer para que aconteça. (Nada pessoal, você é ótima querida, mas competir com a Natalie Portman esse ano é sacanagem...)

Bem, o caçula Laser, em busca de sua identidade masculina, resolve procurar o homem que doou o esperma para que ele e irmã pudessem ser concebidos. (Cada um foi gerado por uma das mães.)

É assim que Paul entra na história, contactado pelos dois adolescentes, que no começo escondem essa aproximação das mães, com medo de magoá-las.

Obviamente, é dessa nova relação que se desenvolve o conflito da história. Ou melhor dizendo, o conflito inicial.

Acredito que essa parte da trama deixou a desejar. Apesar de a mãe número 1 (Nic, a mais perfeccionista e controladora) ter se sentido ameaçada com a chegada desse estranho que é parte da família sem ser (ou que talvez não seja parte da família ao mesmo tempo que é), achei que seus surtos não corresponderam exatamente à realidade. Sim, ela sofre, fica insegura, muda de comportamento. Mas de forma muito civilizada e contida para o meu gosto. Será que eu assisti muita novela mexicana quando criança?? É, talvez tenham ficados seqüelas... Mas ao transpor a realidade do filme para fora das telas eu imagino um drama muito maior do que o que foi retratado. O título em inglês é Kids are all rigth. Como assim??? They should be freaking out!!! 

Enfim, vamos para o conflito número 2! O pai intruso se envolve com a mãe número dois (a mais leve e delicada). Pronto, somamos o ingrediente traição. Mas dessa vez achei o drama bem verdadeiro. O casal surtou na medida certa, e os filhos quase.

A cena que a mãe traída confronta a parceira é sensacional! Doeu na minha alma! A tentativa da mãe 2 de ser perdoada também é uma cena linda, e nesse momento eu chorei. (Nota: o fato de eu ter chorado não significa muita coisa ok? eu choro até vendo comercial.)

Resumindo, o filme traz conflitos familiares um tanto batidos. É bom, mas não inova nem surpreende.

O fato de o casal central ser composto por duas mulheres?? Não faz a menor diferença. O filme não foca nisso em momento algum! E pra mim essa é a grande sacada!

O filme já começa com a mãe 1 dando selinho na mãe 2, e antes que você possa abrir a boca pela surpresa, você já se acostumou! É uma família tão igual a todas! Os pais se amam, mas as vezes um se irrita porque o outro bebeu vinho demais, amam os filhos, mas ficam em cima até quase sufocá-los. Os filhos por sua vez amam os pais mas precisam ser mal-educados de vez em quando. É igual a minha família e  a sua.

Com certeza não foram os conflitos batidos que renderam a indicação a melhor filme, mas essa mágica de fazer você esquecer em menos de 15 minutos que o casal central é gay.

Audrey.